Literatura na escola - 6º ano: A narrativa de Graciliano Ramos
Objetivos
Estimular o gosto pela leitura;
Desenvolver a competência leitora;
Desenvolver a sensibilidade estética, a imaginação, a criatividade e o senso
crítico;
Estabelecer relações entre o lido / vivido ou conhecido (conhecimento de
mundo);
Conhecer / exercitar alguns elementos básicos da narrativa;
Discutir relações de diferença / discriminação.
Conteúdos
Elementos da narrativa: narrador, enredo, personagens, tempo, espaço e tipos de
discurso;
Conceitos de real e imaginário;
Conceitos de Diferença, Tolerância, Preconceito e Discriminação.
Tempo estimado
Cinco aulas
Ano
6º ano
Material necessário
Livro A terra dos meninos pelados. Graciliano Ramos
Desenvolvimento
1ª etapa: Antecipação/ Sensibilização
Pergunte aos alunos se eles já ouviram falar de Graciliano Ramos (1892-1953) e
se eles conhecem alguma obra que ele publicou. Conte à turma que, quando o
escritor alagoano decidiu produzir livros para crianças, já era um nome
conhecido na literatura brasileira e havia publicado duas importantes obras
adultas: São Bernardo, de 1934 e Angústia, de 1936.
Explique à classe que, em 1937, Graciliano Ramos resolveu concorrer a um prêmio
literário proposto pelo Ministério da Educação e inscreveu uma história não
muito longa e bastante original, chamada "A terra dos meninos
pelados", que será lida pela turma nas próximas aulas. A narrativa foi a
vencedora, mas não contou com muitos apreciadores na época.
Em seguida, peça que os alunos leiam os dois primeiros capítulos do livro e
discuta com eles o conflito vivido pela personagem principal. Raimundo era
diferente dos outros meninos? Como? Por que os outros meninos mangavam dele?
Pergunte se a classe concorda com a atitude dos outros meninos e como acham que
Raimundo se sentia. Discuta a ideia de preconceito e respeito às diferenças.
2ª etapa: análise dos dois primeiros capítulos - tipos
de discurso
Peça que os alunos observem que, nos capítulos 1 e 2, poucas vezes a personagem
principal fala. Questione a classe sobre o motivo dessa ausência de voz. Em
seguida, pergunte se nesses capítulos predomina o discurso direto ou indireto
(lembre a turma dos conceitos aprendidos na primeira sequência didática
desta série, sobre o livro
"Rick e a girafa", de Carlos Drummond de Andrade). Peça que
transcrevam as ocorrências do discurso predominante.
Observe que Raimundo fala pela primeira vez apenas no capítulo 2: "- Era
melhor que me deixassem quieto, disse Raimundo baixinho." Pergunte à
moçada por que ele demora a falar? Por que fala "baixinho"? O que
essa fala revela?
Para a aula seguinte, peça que os alunos leiam o 3º capítulo do livro.
3ª etapa: Análise do 3º capítulo - tipos de discurso e
foco narrativo
Retome os dois primeiros capítulos de "A terra dos meninos pelados",
e comente com a turma que, neles, predomina a voz do narrador:
- "Havia um menino diferente dos outros meninos".
- "Um dia em que ele preparava com areia molhada a serra de Taquaritu e o
rio das Sete Cabeças, ouviu gritos dos meninos escondidos por detrás das
árvores..."
Comentar que, a partir do capítulo 3, começa a aparecer mais intensamente a voz
de Raimundo e peça que os alunos arrisquem uma interpretação. Por que isso
ocorre?
Uma possível explicação é que, a partir do momento em que Raimundo transfere-se
para o mundo imaginário, diminui a aparição do narrador em 3ª. pessoa. Isso não
quer dizer que, de uma hora para outra, a história muda de foco narrativo
(retomar o conceito de foco narrativo discutido na leitura de "Rick e a
girafa"). Pelo contrário, o narrador continua seguindo a trajetória de
Raimundo, só não interfere em momento algum com descrições, comentários,
explicações, deixa Raimundo dialogar, conviver com seus novos amigos sem a
presença de um adulto ou voz autoritária. Por esse motivo o discurso direto
permeia toda a história.
4ª etapa: O real e o imaginário
Peça que os alunos respondam por escrito:
1- No capítulo 3, Raimundo resolve momentaneamente o seu problema. Para onde
Raimundo vai?
2- Essa viagem é
mágica? Justifique.
3- No mundo
imaginário, não se busca a lógica dos fatos, nem a realidade concreta, lá tudo
é possível e todas as coisas podem acontecer. Como é a terra dos meninos
pelados? Descreva-a.
4- No mundo
imaginário, por mais iguais que as crianças sejam, ainda assim, mantêm
diferenças que as distinguem. Que diferenças são essas? Retire do texto
fragmentos que comprovem sua resposta.
5- Durante toda a
narrativa, Raimundo tem consciência da realidade. Considera a terra imaginária
excelente para se viver, mas sabe que deve voltar para a realidade. Retire do
texto fragmentos que indicam lembranças que ele tem do mundo real.
Peça que os alunos leiam em casa os demais capítulos do livro.
5ª etapa: diferença e discriminação
Discuta oralmente com a classe os seguintes pontos:
1- Logo que Raimundo vê as crianças, algo semelhante ao mundo real lhe acontece.
O que acontece? Como Raimundo reage?
2- Sardento propõe a
Raimundo um plano. Que plano é esse?
3- O que Raimundo
acha desse plano? Qual o conselho ele dá ao amigo?
4- A atitude de
Raimundo é contrária à que toma no mundo real? Por quê?
5- O nome "Raimundo"
significa "protetor" ou "sábio". Indica uma pessoa que
tende a se isolar, pois é muito rigorosa consigo mesma e supervaloriza as
virtudes e opiniões dos outros. Porém, quando essa pessoa se conscientiza de
sua própria importância, torna-se capaz de dar apoio e conselhos valiosos a
todo mundo. Tendo como base a informação sobre o nome "Raimundo",
você considera coerente com a atitude da personagem principal, no momento em
que ela orienta Sardento?
6- No capítulo 11, os
novos amigos de Raimundo querem lhe dar outro nome: "Mundéu" ou
"Pirundo". Por qual motivo Raimundo não deseja trocar seu nome?
7- "Raimundo diz
para Sardento que o fato de ele ter sardas na pele não muda nada, já que todos
o amavam". Essa atitude revela um amadurecimento de Raimundo?
8- A terra dos
meninos pelados, segundo a estudiosa Regina Zilberman, pode ser julgada como um
texto politicamente correto, ao falar de pessoas perseguidas pelos preconceitos
da sociedade, que sabem dar volta por cima, não por se adaptarem aos valores predominantes,
mas por se aceitarem como são. Vocês concordam com a opinião da autora?
Considera que Raimundo volta para a realidade mais forte para encarar os
preconceitos?
Avaliação
Em uma aula, individualmente e com consulta ao livro, entregue questões que
contemplem os elementos trabalhados anteriormente (tipos de discurso, narrador,
realidade/imaginação e diferença/discriminação) e peça que os alunos respondam
por escrito.
Bibliografia
Site de Pesquisa: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/literatura-escola-6o-ano
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