Dica para Plano de Aula: Recontagem de Conto
Segmento
utilizado para essa recontagem: Fundamental I
Conto: Branca
de Neve.
O Diário Secreto de Branca de Neve
C
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erto dia, bem de
manhã, estava brincando no jardim de casa, quando, de repente, vi uma pequena
luz brilhante entre as rosas. Chamei minha prima Helena para ver comigo o que
seria aquilo. Alice, minha outra prima, estava muito curiosa, porém preferiu
correr de medo. Já Sophie, também prima, pulou por cima das flores.... Foi
terrível! Mas, graças a Deus ela não se machucou.
Olhamos
de mais perto, já que todas as rosas estavam despedaçadas, e o brilho estava
ainda mais intenso.
Helena,
falando bem baixinho, como de costume, disse para eu cavar com cuidado para ver
o que tinha lá embaixo.
Foi
o que fiz, e para surpresa nossa, encontramos uma caixa de madeira. Parecia
muito antiga. Ficamos curiosas, mas com um pouco de medo também. Olhamos para
os lados e notamos que nossos pais estavam ocupados a conversar. Assim,
colocamos a caixa dentro de uma sacola que estava na mão de Sophie e,
escondidas, resolvemos abrir e descobrir o que continha dentro dela.
Fomos,
secretamente e silenciosamente ao meu quarto, onde abrimos a tal caixa secreta
e, vocês nem imaginam o que encontramos. Pois bem, sentem-se, pois o que vou
contar é muito emocionante.
Havia
um diário, enrolado num pano brilhante, bem vermelho, com as siglas B.N. Meus
olhos não acreditaram no que via. Um diário? Mas, como assim, um diário?
Resolvi
abri-lo, mas o medo nos fez ficar mudas.... Como sou a mais velha, comecei a
ler.... E, aos poucos me arrepiava. Sophie ficou de boca aberta, Helena tremia
os lábios, Alice respirava fundo e, minha outra prima Eliza, que é muito
pequena para entender as coisas, só ria. O diário começava assim:
M
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eu
nome é Isabella, mas eu não sei o porquê de me chamarem de Branca.... Deve ser
porque eu sou realmente muito branca, tão branca como a neve.... Assim, o
apelido, Branca de Neve. E, dessa forma, fiquei mais conhecida pelo apelido do
que pelo meu verdadeiro nome; que, aliás, também era algo secreto, até agora.
Essa história é sobre minha vida, o
qual reuni neste secreto diário.... Poderia ter escrito dia após dia, mas o
tempo me foi um pouco curto.... Então, decidi começar a escrever hoje o que
aconteceu a cerca de um ano atrás, mas, antes disso, deixa eu falar um pouco
sobre como tudo começou. Descreverei detalhes que nunca, jamais, disse a
ninguém.... Somente agora tive coragem de reunir essas verdades nesse
diário.... Pensar nisso me faz suspirar...
Pois bem, eu nasci tão branca, tão linda....
Bem, onde eu estava.... Ah, sim, claro, começo a me esquecer de quem era e do
que vivi.... Pois bem, aquela pequena criaturinha, tão lindinha e indefesa....
Cresci, cada dia mais linda....
Quando eu tinha entre nove e dez anos
minha mãe começou a adoecer; ou seja, cada dia mais fraca, cada dia mais
doente.
Meu pai, muito aflito, chamou vários
médicos do Reino do Faz de Conta – lugar onde moro... ou, morava – porém, todos
diziam a mesma coisa: “Sinto muito, soberano, nada podemos fazer”.
Como assim? Não eram médicos? Não
estudaram para isso, lá no Colégio Encantado?
Pois bem, minha mãe estava morrendo,
mas, antes dela falecer me contou o que estava acontecendo de verdade. Isso
ninguém nunca soube, até agora, pois ela mesma me prometeu não falar nada,
nunca, principalmente para meu pai.
A verdade, era que ela estava sendo
envenenada por uma das criadas, que era uma poderosa feiticeira e que queria
tomar seu lugar no Reino, porém, ela descobriu seus maléficos planos e, por
isso, começou a envenenar minha mãe aos poucos, com essa magia que os médicos
mágicos jamais descobririam.
Eu ainda era muito pequena para
entender, porém, minha mãe me alertou a nunca contrariar essa mulher, pois era
muito poderosa e sua magia vinha de uma dimensão onde os poderes são mais
fortes do que lá.
Falou que ela havia feito um trato que
não tocaria em mim, mas, como resposta tinha que dar sua vida em troca da
minha.
Enfim, minha mãe morreu para me
proteger, mas, infelizmente, isso foi por pouco tempo. Assim que fiz quinze
anos, não aguentando mais ser maltratada pela maldosa mulher, que agora era
rainha, fugi.... E, assim, resolvi morar num quarto do Colégio Encantado.
Vocês devem estar perguntando onde está
meu pai que não fez nada a respeito. Pois bem, ele estava tão apaixonado, tão
cego de amor, que nem notou.... Achou que eu estava em viagem escolar, sei lá.
Foi a melhor coisa que fiz. Lá no
Colégio conheci muita gente, princesas como eu, filhas de fadas, príncipes....
Estava indo tudo muito bem, estudando, fazendo novas amizades, até que a rainha
má veio até o Colégio, contando que meu pai estava mal e queria me ver....
Mentira, era tudo para me fazer sofrer, uma vez que não podia me matar, por
causa do pacto que havia feito com minha mãe.
Voltei para casa correndo, desesperada,
mas era mais uma falsa história daquela bruxa malvada, que me prendeu na
masmorra do palácio. Para minha sorte, encontrei em um dos bolsos de meu
vestido um pequeno ratinho, o mesmo amiguinho de minha amiga Cinderela – eu
prefiro chama-la de Cindy, que é seu apelido. E, também, no outro bolso, a
poção mágica da Alice, o qual tinha o poder de tornar as pessoas pequenas.
Assim eu fiz, tomei a poção, montei no ratinho Bruno e, rapidamente, fugimos
pela janela.
Ao chegarmos no colégio, Alice me deu
outra poção, agora o de crescimento, e voltei ao tamanho normal. Contei tudo o
que a madrasta havia me feito e todos os meus amigos se espantaram. Decidimos,
então, criar um plano contra ela. Foram messes de procura, até encontrarmos um
livro muito antigo falando de um reino paralelo; ou seja, outra dimensão. Esse
reino se chamava Camelot, e foi lá onde encontraríamos o mago dos magos,
Merlin.
Para isso, contei com a ajude de meus
amigos, Aurora, Cindy, Ariel, Filipe e Éric, que foram comigo até o portal
secreto, conforme estava descrito no livro. E, assim, com as palavras mágicas
abrimos este maravilhoso portal entre mundos.
Ao chegarmos no reino, o Mago Merlin já
estava esperando por nós, pois sabia que estaríamos indo ao seu encontro.
Contou-me que a magia daquela bruxa era muito poderosa e que nem ele podia
quebra-la, só havia uma escolha para mim.
Ouvi tudo com lágrimas nos olhos, mas
acatei seus conselhos. Agradeci a estadia no palácio do rei Arthur e logo
voltamos para nosso reino.
Abatida, fiquei algum tempo calada e
outros dias sem comer. Não poderia ter outro jeito? Outra saída? Perderia tanto
com aquela decisão.... Será que valeria a pena?
Alice, que não pode ir conosco nessa
viagem, estava muito curiosa para saber o que havia acontecido e o porquê de eu
estar assim tão triste e deprimida. Não conseguia nem falar.... Foi que Aurora
contou-lhe tudo. Alice, ao ouvir a única chance que eu tinha para me livrar da
bruxa má, chorou e me abraçou.
Após três dias pensando a respeito,
resolvi logo fazer conforme o mago havia dito. Uma das minhas maiores tristezas
era não poder me despedir de meu pai.... Foi até que Alice teve a ideia de me
encolher novamente, montar em Bruno e ir até o palácio e, depois, voltar. Foi o
que fiz.
Encontrei meu pai sozinho, pois a bruxa
malvada havia decidido fazer uma viagem longa. Abraçamo-nos e ficamos horas a
conversar. Não disse nada a respeito de Merlin, nem das maldades da bruxa....
Resolvi me despedir como se fossemos nos ver em breve.
Voltei para o Colégio arrasada,
despedi-me de meus amigos e fui até a outra passagem secreta, o qual me levaria
a uma dimensão que se chamava Terra, um lugar onde não haveria magia e, ali
estaria segura da madrasta.
Quando já estava pronta para partir,
Filipe resolveu abandonar tudo e ir comigo, a fim de me defender. E assim
foi.... Merlin havia dito que esqueceríamos tudo quanto havíamos vivido no
Reino do Faz de Conta, assim que tomássemos aquela poção mágica que nos deu.
Por isso, estou a escrever minha história
nesse diário mágico, dado a mim por minha amiga Ariel. Sei que após tomarmos
essa poção esquecerei tudo, mas, aquele que achar esse diário saberá minha
história, onde tive amigos fiéis, pais amorosos e, por algum tempo, fui feliz.
Peço, porém, a quem encontrar esse
diário, que o guarde com amor, pois temo que venha cair em mãos erradas.
Saudade de vocês.... Aurora, Alice e
Cindy... As guardarei em meu coração.
Fiquei
chocada, assim como creio que vocês também estão. Meu achado foi muito precioso,
porém, resolvi guardar esse segredo comigo. Avisei às minhas primas para não
contarem para ninguém.
Porém,
minha mãe acabou encontrando. Fiquei surpresa, pois ela não me perguntou a quem
pertencia, muito menos se era de alguém. A única coisa que perguntou foi onde
eu havia achado. Falei que no meio das roseiras. Ela ficou muda e pálida.
Colocou a mão no coração e começou a tremer.
Perguntei
o que havia acontecido para ela estar assim, tão nervosa. Ela se levantou,
colocou o diário junto a seu corpo, e me pediu para não falar sobre aquilo com
ninguém.
Por
fim, levou consigo o diário, a caixa e tudo mais.... Fiquei sem entender o
porquê daquela atitude e por que aquela caixa estava em meu quintal. Será? Será
que minha mãe sabia, ou havia conhecido a dona daquela caixa?
Corri
ao seu encontro apavorada, encontrei-a enterrando ainda mais fundo a caixa. Por
fim, ela me olhou e disse:
–
Julia, você já está com dez anos, por isso vou lhe contar uma história sobre
essa caixa.... Mas, você tem que prometer que guardará segredo!
Fiz
que sim com a cabeça. Minha mãe prosseguiu seu relato dizendo:
–
Olha, filha, você leu a história, não foi? Então, creio que seja verdadeira,
pois minha avó me contou que quando tinha dez anos foi visitada por uma
fadinha, a qual contara sobre o diário e onde ele estava. Pediu para minha avó
esconder bem fundo, para que a bruxa má jamais encontrasse, senão ela viria
atrás de suas descendentes. Por isso temos que esconder, pois o brilho poderá
atrair a malvada que quase matou minha bisavó Isabella.
Fiquei
branca, mais branca do que a Branca de Neve....
–
Mas, por que está em nosso quintal?
Minha
mãe explicou que ela era a filha primogênita, assim como a mãe dela também
fora, e isso a faria guardiã do diário. Entendi e prometi guardar este segredo
de família.
Este trabalho fora realizado como exercício da Faculdade de Pedagogia - UNIP (Fabiane Mathias F. Senday)
Este é um exemplo de como se pode trabalhar, em sala de aula, o uso do conto de fadas como recurso de aprendizagem.
Este é um exemplo de como se pode trabalhar, em sala de aula, o uso do conto de fadas como recurso de aprendizagem.
Sugestão de atividade: Após observar e refletir sobre a atividade acima e levando em consideração a riqueza que os contos trazem para as salas de aulas, escolha um dos seguintes contos escritos pelos Irmãos Grimm:
Branca de Neve e os sete anões;
Chapeuzinho Vermelho;
João e Maria. Agora é vez do grupo.
Leia o conto escolhido e reescreva-o de forma inédita; cite para qual segmento (Infantil ou Fundamental) seria utilizada essa recontagem; leve em consideração que os contos nos permitem – imaginar, criar e viajar por um mundo que nem sempre é o real; utilize todos esses recursos para a criação da versão de sua narrativa.
Segundo Bettelheim (1992), ao fazer uso em sala de aula, “o conto de fadas é o caminho pelo qual uma criança pensa e experimenta o mundo e, por essa razão, os contos são convincentes para ela... Ela pode obter um consolo muito maior de um conto de fadas do que de um esforço para consolá-la em raciocínios e pontos de vista adultos”. A palavra conto deriva do termo latino computus, que ao traduzirmos significa “conta”.
Esse ato de contar geralmente ocorre sobre assuntos do cotidiano que podem ser reais ou fictícios. Nos contos, os heróis ou heroínas precisam enfrentar os desafios e triunfar contra o mal. Podem tratar de diferentes assuntos, como: decepções, alegrias, paixões, etc.
Existem variações entre os contos populares e literários:
contos populares – são passados de forma oral de geração para geração e, assim, suas versões podem variar de um local para outro;
contos literários – o que o difere do conto popular é que na maioria das vezes seus autores são conhecidos.
Na atualidade, os contos estão sendo readaptados ou recontados de uma maneira que chame a atenção de seus leitores.
Ao fazer uso dos contos, o professor contará com um precioso recurso literário, além das mais variadas atividades que podem ser desenvolvidas usando esse gênero textual.
Fontes:
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. 9ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1992.
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. 9ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1992.
Sites:
http://conceito.de/conto
http://ead.unipinterativa.edu.br/webapps/portal/frameset.jsp
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