Dica de Avaliação para o Fundamental II: Estudo do Texto - Narrativo e Descritivo
Nesse bimestre trabalhamos com o texto
narrativo e descritivo. Assim, entendemos por narrar a capacidade de imaginar histórias
de ficção e conta-las. Esta capacidade é usada principalmente na criação de
contos, fábulas, romances etc. Já, por descrever,
entendemos que se trata da capacidade de contar fatos de forma detalhada
Com isso, as sequências
narrativas apresentam uma sucessão temporal/causal de eventos
(começo/meio/fim; antes/depois) entre as quais ocorre algum tipo de modificação
de um estado de coisas. Há predominância de verbos de ação, bem como de
advérbios de tempo e causa, tanto em discursos diretos, como em indiretos e
indiretos livres. Já as sequências
descritivas caracterizam-se pela apresentação de propriedades,
qualidades, elementos componentes de uma entidade (referente), sua situação no
espaço etc. predominam os verbos de estado, no tempo presente nos comentários e
no pretérito imperfeito no interior de um relato.
Desta maneira, fazemos o estudo das características
desses tipos de textos.
Este desenho, do século
XI, conta a história da conquista da Inglaterra pelos normandos. Esta cena
descreve uma aparição do cometa, que mais tarde recebeu o nome de Halley.
O cometa
O que aconteceu à noite foi
maravilhoso. O cometa de Halley apareceu mais nítido, mais denso de luz, e
airosamente deslizou sobre nossas cabeças, sem dar confiança de exterminar-nos.
No ar frio, o véu dourado baixou ao vale, tornando irreal o contorno dos
sobrados, da igreja, das montanhas. Saíamos para a rua banhados de ouro,
magníficos e esquecidos da morte, que não houve. Nunca mais houve cometa igual,
assim terrível, desdenhoso e belo. O rabo dele media... Como posso referir em
escala métrica as proporções de uma escultura de luz, esguia e estelar, que
fosforeja sobre a infância inteira? No dia seguinte, todos se cumprimentavam
satisfeitos, a passagem do cometa fizera a vida mais bonita. Havíamos armazenado
uma lembrança para gerações vindouras que não teriam a felicidade de conhecer o
Halley, pois ele se dá ao luxo de aparecer só a cada 76 anos.
ANDRADE, Carlos Drummond de. A bolsa e a vida. Rio de Janeiro: J.
Aguilar, 1967.
Cometa Halley
Tico-Tico: era o nome de uma revista infantil
que começou a ser publicada em 1905. Foi uma das primeiras revistas, no Brasil,
a apresentar histórias em quadrinhos. Sobreviveu até 1956.
Surrealismo: surgiu na França na década de 1920.
Este movimento foi significativamente influenciado pelas teses psicanalíticas
de Sigmund Freud, que mostram a importância do inconsciente na criatividade do
ser humano. A década de 1930 é conhecida como o período de expansão surrealista
pelo mundo.
1. Qual o foco narrativo do texto?
Trata-se de um narrador personagem, em primeira pessoa.
2. Nesse texto, a linguagem foi usada com a função de...
a) fornecer informações sobre o cometa.
b) convencer o leitor da importância do cometa.
c) contar a experiência do autor relacionada com a aparição do cometa.
d) explicar algum aspecto da própria língua.
3. Retire
do texto um trecho que há uma sequência
descritiva.
"O cometa de Halley apareceu mais nítido, mais denso de luz, e airosamente deslizou sobre nossas cabeças, sem dar confiança de exterminar-nos. No ar frio, o véu dourado baixou ao vale, tornando irreal o contorno dos sobrados, da igreja, das montanhas. Saíamos para a rua banhados de ouro, magníficos e esquecidos da morte, que não houve. Nunca mais houve cometa igual, assim terrível, desdenhoso e belo. O rabo dele media... Como posso referir em escala métrica as proporções de uma escultura de luz, esguia e estelar, que fosforeja sobre a infância inteira?"
4. Agora
que haja uma sequência narrativa.
"Aos sete anos de idade imaginei que ia presenciar a morte do mundo, ou antes, que morreria com ele. Um cometa mal-humorado visitava o espaço. Em certo dia de 1910, sua cauda tocaria a terra, não haveria mais aulas de aritmética, nem missa de domingo, nem obediência aos mais velhos. Essas perspectivas eram boas. Mas também não haveria mais geleia, Tico-Tico, a árvore de moedas que um padrinho surrealista preparava para o afilhado que ia visita-lo. Ideias que aborreciam. Havia ainda a angústia da morte, tranco final, com a cidade inteira (e a cidade, para o menino, era o mundo) se despedaçando – mas isso, afinal, seria um espetáculo. Preparei-me para morrer, com terror e curiosidade".
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