JOGOS: OS DOIS LADOS DA MESMA MOEDA
Com o advento da tecnologia as coisas mudaram.
Os anos 1990 e a internet modificaram o acesso à informação, ofereceram
ferramentas poderosas que permitem a todos processar dados, criar materiais,
compartilhar recursos, “trocar ideias”, compor em diferentes mídias,
disponibilizar cursos, jogar on-line, cruzar os quatro cantos do mundo em um
estalar de dedos e, nos últimos meses, o ensino à distância – assíncrono – por
causa da pandemia ao qual o mundo foi submetido.
Entretanto, ao se pensar em pandemia e ao mesclar
essa informação com jogos (on-line ou off-line) e cruzá-la com a tecnologia se tem
uma bomba, prestes a explodir nas mãos dos mais desavisados. Visto que, se ao
ficar horas à fio entretido em jogos isto poderá acarretar problemas terríveis,
mesmo que se saiba que os jogos também têm seu lado positivo.
Com isso, pode-se apontar como o lado negativo que
os jogos podem sim levar ao vício, isso porque, segundo Cristiano Nabuco de
Abreu, psicólogo e coordenador do Grupo de Dependências Tecnológicas do
Instituto de Psiquiatria (IPq) da Universidade de São Paulo (USP), os
comportamentos repetidos são assimilados pelo cérebro como algo que traz
satisfação. Com isso, é estimulada a liberação de neurotransmissores como a
dopamina, conhecida como o hormônio do prazer.
Assim, sabe-se que a utilização da tecnologia
compulsivamente ainda pode levar à solidão e isolamento social, mesmo que a
comunicação entre pessoas seja facilitada por ela, ainda com maior ênfase num
momento como o qual se encontra o mundo – separados fisicamente. Tal detalhe
potencializa ainda mais o uso excessivo de jogos e horas investidas,
acarretando inúmeros prejuízos à saúde. E eles são inúmeros, sendo prejuízos
psicológicos, na visão, audição, pele, articulações e musculaturas,
sedentarismo e social.
Dessa forma, pode-se destacar que com a
utilização excessiva de jogos, há o comprometimento quanto a qualidade do sono.
O que acontece é que, hoje em dia, muita gente leva o celular, o tablet ou o
notebook para a cama e fica jogando ali mesmo. Assim, o cérebro, ao invés de
preparar o corpo para dormir, se mantém alerta e estimulado. Paralelamente, a
luz emitida pelas telas dos aparelhos inibe a produção de melatonina, o
hormônio do sono. Segundo afirma Andrea Bacelar, neurologista e presidente da
Associação Brasileira do Sono (ABS), têm-se que “desconectar e desacelerar o
pensamento para que as ondas cerebrais fiquem mais lentas e o sono venha.
Quanto mais tarde este processo acontece, menos horas se há para dormir. Se
isso ocorre de vez em quando tudo bem, mas, a longo prazo, pode trazer diversos
prejuízos à saúde e à vida pessoal e profissional”. Segundo a médica, “num
primeiro momento os sintomas são sonolência durante o dia, juízo crítico
dificultado, incapacidade de resolver problemas, reflexos diminuídos,
irritabilidade, mau humor e aumento das chances de acidentes, desde o mais
simples até os mais graves”. E isso não é nada bom, pois a privação constante
do sono eleva a probabilidade de infecção e promove baixa da imunidade, ganho
de peso e algumas doenças, como hipertensão arterial, arritmia, derrame,
infarto do miocárdio, demência e neoplasias e isso é só o começo, pois se sabe
que noites mal dormidas ainda impactam na atenção, memória e capacidade
cognitiva e estão associadas à depressão e crescimento abaixo do esperado, já
que é à noite, por volta das duas horas da manhã, que se dá o pico de produção
do hormônio do crescimento – visto que se percebe a importância, ainda mais de
adolescentes, em dormir bem, pois são eles que mais fazem uso dos jogos.
Por outro lado, pode-se destacar que o uso
consciente de jogos é excelente, principalmente se for levado em conta
ambientes de aprendizagem ativa, visto que pela motivação intrínseca que os
jogos propiciam, além disso pessoas aprendem fazendo, integrando ações e
conceitos e, por fim, os jogos possuem foco no sistema e não em conteúdo, ou
seja, são “mídias baseadas em problemas”. Enfim, as pessoas aprendem com jogos,
pois são lúdicos e desenvolve-se psicologicamente, elabora angústia, manifesta
medos e desejos, sentimentos e emoções, havendo um aumento intelectual. Segundo
Winnicott, ao jogar, que é um ato lúdico de brincadeira, o indivíduo pode ser
criativo e utilizar sua personalidade integral – e é somente sendo criativo que
ele descobre seu eu (SELF). Assim, num jogo, deve-se ter em mente que quando se
perde o mundo não acaba, pode-se começar de novo e de novo, e com isso se
aprende a vencer as frustrações e obter persistência.
Por fim, nota-se que algo, dependendo de como
for utilizado, pode trazer benefícios ou prejuízos. Assim, o uso consciente de
jogos faz muito bem, porém o inverso é catastrófico. Dessa maneira, para evitar
isso tudo, os especialistas recomendam, entre outras ações, desenvolver uma
relação saudável com os jogos, a fim de não se tornar dependente deles. Também
é aconselhável estipular horários para o uso deles, diminuir as atividades,
mais ou menos, uma hora antes de se deitar, e dormir e acordar sempre no mesmo
horário.
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