A Educação vista pelo Cinema

Introdução 


      Um dos múltiplos cenários que o cinema contempla é a própria escola. Inúmeros filmes tratam dela. Assim, direta ou indiretamente, os filmes nos ajudam a construir nossa imagem de escola, de professores, de alunos e, até mesmo, da forma como a educação escolarizada se insere ou deve se inserir na sociedade. 
     Convidamos, então, a uma breve reflexão sobre como a escola é vista pelo cinema, ou como alguns filmes tratam as relações que ocorrem nesse espaço social. É bom lembrarmos, enfim, que falaremos de um filme de ficção (A Corrente do Bem) e não de documentários. Isso, a partir do texto lido do professor e doutor Amaury Cesar Moraes (FEUSP), que fala a respeito da escola vista pelo cinema. E da professora Marilena Chauí (Ideologia e Educação). 
          A ideia que cada um de nós tem de escola transita, em realidade e ficção, pelas imagens reais das escolas onde estivemos e imagens ficcionais que conhecemos através do cinema. Recorremos às nossas lembranças, sejam elas boas ou ruins, sempre que queremos imaginar, projetar, criar alguma coisa nova. Ensinar e aprender são atos de criação; recorrer aos filmes pode ser apenas parte desse esforço criativo. 
           O mundo visto pelo cinema tem matizes próprios, embora os filmes retratem a vida como ela é cheia de contradições, as histórias apontam para a transformação, a mudança. Talvez porque a escola seja mesmo um ambiente propício às mudanças ou porque o filme não se concretizaria sem que cumprisse a sua estrutura narrativa: apresentação, desenvolvimento, conflito, clímax, desenlace. 
         O título do filme representa as expectativas e o desejo de qualquer sociedade, seja ela americana, europeia ou sul-americana como é o nosso caso, pois no mundo o que falta é solidariedade com o próximo, parece até demagogia expondo dessa forma. É um filme que aparentemente demonstra ser simples, mas não é, pois o seu tema central é profundo e envolve vários fatores, como por exemplo: situações para atingir o público em geral, exigindo, de tal forma, uma análise e reflexão mais cuidadosa. 
         
A Escola vista pelo Cinema 

        Pensar na escola como sendo um lugar que pode gerar uma transformação tão grandiosa que ultrapasse os limites espaciais da vida de um estudante é algo que nos parece longe demais, no entanto, o filme a "Corrente do Bem" parte dessa premissa, parece querer nos dizer que o aquilo que nos parece aparentemente impossível pode estar ao nosso alcance. Este se trata da história de um garoto de 11 ou 12 anos, portanto um aluno de 7ª Série, com as aulas começando, em seu primeiro dia. Quando o garoto e seus colegas chegam à sala de aula, encontram o professor de Estudos Sociais os aguardando, sentado em uma cadeira, a meditar sobre os pontos que pretende desenvolver nesse primeiro encontro com seus novos alunos. 
         Quando todos estão sentados e instala-se um necessário silêncio, o professor inicia suas atividades apresentando-se e falando sobre os propósitos de seu curso e das dificuldades de se trabalhar com adolescentes; apesar de ter marcado o mapa na lousa em diversos pontos, o professor despreza o material (ele não é um professor que fica preso ao plano de ensino imposto pela escola apenas, mas amplia-o com outros conhecimentos e ideias) e propõe uma atividade diferenciada, pergunta aos alunos sobre a possibilidade de desenvolvimento de um projeto, mas não um simples trabalho escolar, algo que vá além, que gere consequências, que provoque transformações. 
          Nesse breve resumo inicial, podemos compreender a forma de aula que o professor dá. Ele é de postura, a priori, rígida. Trabalha não preso ao material didático, sendo uma aula inovadora, como já fora citado anteriormente. 
        Apesar de inicialmente termos a ideia de que tal professor é conservador e que suas aulas devem corresponder a sua postura e atitude diante do grupo, esta proposta inicial nos coloca diante de uma nova perspectiva, mais bela, mais poética, mais revolucionária. Se, ficamos interessados pela proposta, imaginem então, como reagiriam alunos de 11 ou 12 anos. Isso mesmo, a princípio, com grande indiferença, a não ser por um dos garotos, de nome Trevor, que cria a "Corrente do Bem". 
           Essa corrente funciona como as pirâmides através das quais as pessoas tentam ganhar dinheiro ou livros, por exemplo, só que ao invés de utilizar essa artimanha para multiplicar os ganhos materiais, a proposta do garoto encaminha-se no sentido de fazer com que as pessoas pratiquem o bem para os outros, sem esperar qualquer devolução ou retorno. Percebam como, uma simples ideia lançada numa sala de aula acabou por se tornar uma verdadeira revolução no pensar e no agir? 
          Assim, concluímos que a mensagem que o filme passa para a escola e sociedade é que é possível uma ideia mudar o mundo. Quanto a quem representa o centro do processo educacional, concluímos que é aluno, sendo o filme de tendência pedagógica de escola crítica. Pertence também, o filme, a corrente teórica de teorias crítico-reprodutivas. Como instituição, a escola trabalha com a imaginação estática das formas já estabelecidas, acabadas, que, ao invés de transformar, confirma a realidade. 
           Segundo Marilena Chauí, a ideologia e educação são temas inesgotáveis então não é fácil exemplificar em poucas palavras, mas ela afirma que a ideologia é o que se deve pensar, agir e sentir. Generaliza para a toda a sociedade os interesses e o ponto de vista particular de uma classe: aquela que domina as relações sociais. Em seu texto (Ideologia e Educação), afirma que o pensamento não se apropria de nada, é um trabalho de reflexão que se esforça para elevar uma experiência (não importa qual seja) à sua inteligibilidade, acolhendo a experiência como indeterminada, como não saber e não como ignorância que pede ser determinado e pensado, isto é, compreendido. Para que o trabalho do pensamento se realize é preciso que a experiência fale de si para poder voltar-se sobre si mesma e compreender-se. A experiência é o que está, aqui e agora, pedindo para ser visto, falado, pensado e feito. 
           No filme, podemos identificar essa explicação da autora nas cenas em que o professor dá a ideia do trabalho, colocando uma ideologia, para que os alunos pensem, reflitam em torno do que para o professor é importante. O pensamento é um trabalho de reflexão, a criança precisa pensar e refletir para que isso venha ser uma experiência, a ideia principal do protagonista foi tida através de fatos próprios ocorridos em sua casa, que o levou ter essa ideia de melhorar o mundo, qual a autora fala que a experiência fala de si para voltar-se sobre si mesma e compreender, de fato, a criança não tem discernimento para entender os por quês da vida e com essa ideia pode se chegar a um denominador comum. A autora enfatiza que o discurso da educação deve ser calculado para que não se usem regras desnecessárias ou mesmo diga o que não se pode, em qualquer lugar ou qualquer circunstância. 
        Essa transmissão de pensamentos, atos dependem de normas prévias que decidem a respeito de quem pode falar e ouvir, o que pode ser dito e ouvido, quando isto pode ser feito, sendo assim, o professor tem em suas mãos, uma arma que deve ser usada com cautela para que o que ele fale não vire regra a não prejudicar outras pessoas, como aconteceu no filme. 
       Ela afirma, então, que devemos nos aprofundar um pouco quanto à discussão indagando se há ou não riscos ideológicos na concepção da educação como conscientização, porque o que é usado em sala de aula muitas vezes vira regra e temos que considerar se isso será benéfico para o aluno ou não. Na questão o que seria o professor? Chauí nos explica que todos querem o lugar do professor, mas existe um lugar vazio, todos podem desejá-lo sob o risco de destruí-lo. 
          A relação entre professor e aluno no filme é uma relação amigável, alunos questionam o professor e ele gosta disso, alunos críticos que sabem o que querem mesmo com tão pouca idade, não existe a ausência de diálogos, o professor consegue disfarçar a sua autoridade na sala, mesmo que firme e consciente do seu papel. Quando questionado o que ele pode fazer para melhorar o mundo, ele simplesmente fala que está fazendo o seu papel na sociedade que é ser professor, estar pontualmente na sala, dar as provas, e viver sua vida com organização. No filme o diálogo com o professor é com o pensamento e com as ações sugeridas por ele, transmitidas pela linguagem, pois mesmo o professor sendo de outra disciplina não fica somente limitado à sua matéria e trabalho propostos, ele também estimula os alunos a buscar palavras desconhecidas em dicionários para melhor entendimento claro que no filme é tudo como poderia ser ou deveria ser, e a autora relata fatos verídicos e estudos já feitos na área, mas existe muito do texto no filme e para esse professor tudo é possível, sua posição lá é muito arriscada, teve uma missão muito importante para reflexão das crianças. 
          A autora afirma que a ideologia não está fora de nós como um poder perverso que falseia nossas boas intenções: ela está dentro de nós, talvez porque tenhamos boas intenções, é o que mostra o filme, existe a boa ideia, todos querem mas tem medo muitas vezes do desconhecido, sair da rotina, organização, muitas vezes somos taxados de falsos simplesmente porque só queremos o bem. Não podemos deixar de observar que tal filme se passa nos Estados Unidos da América, no ano de 2000, envolvido pelo padrão americano, que é bem diferente do padrão brasileiro. 
        Assim, por serem filmes do circuito comercial, citado como hipótese por Amaury Cesar Moraes, parece-nos representar melhor esse imaginário social. Assim o cinema permite, através de recursos, que o imaginário social se efetive através de filmes. Então, o imaginário social representa a escola e atividade do professor como à visão que esse público tem da escola (através dos filmes). 

 Conclusão 

      Enfrentamos um desafio. Sabendo que a escola, na atualidade, vem se deparando com outros parceiros em sua ação pedagógica - e aqui ressaltamos a emergência da mídia - seria necessário aprendermos, como futuros educadores, outras linguagens passíveis de transmitir e produzir conhecimento. Além de nos provocar para que (como futuros professores) venhamos a procurar fazer com que nossos pequenos esforços se tornem grandes em seus resultados gerais para nossos alunos e nossas comunidades, o filme traz ainda discussões importantes acerca do respeito pelas diferenças, das dificuldades de relacionamento familiar nos tempos em que vivemos e, mais especificamente, da dificuldade que temos em entender os mais jovens. 
      O filme é muito interessante no sentido de despertar diálogos, de nos fazer entender pelos jovens e de nos fazer atentos às suas colocações, de nos fazer promover uma possibilidade de maior entendimento entre pais e filhos (fundamental para a educação) e de aproximar as escolas daquilo que seja significativo para os estudantes, a comunidade e mesmo para nós, professores. 
     Em suma, segundo Marilena Chauí o pensamento é um trabalho de reflexão, a criança precisa pensar, refletir para que isso venha ser uma experiência, a ideia principal do protagonista foi tida através de fatos próprios ocorridos em sua casa, que o levou ter essa ideia de melhorar o mundo, qual a autora fala que a experiência fala de si para voltar-se sobre si mesma e compreender, de fato, a criança não tem discernimento para entender os por quês da vida e com essa ideia pode se chegar a um denominador comum.

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