Gêneros Textuais: composição, conteúdo e estilo




Os Gêneros possuem uma forma de composição, ou seja, um plano composicional. Por exemplo, um cartão postal possui os seguintes elementos: destinatário, informação contida em um campo à parte, saudação inicial, saudação final e assinatura.
Os Gêneros distinguem-se pelo conteúdo temático, que diz respeito ao tipo de produção em destaque, e pelo estilo, que está vinculado ao tema e ao conteúdo da mensagem transmitida pelo texto que a veicula.
O estilo, para Bakhtin, está indissociavelmente vinculado a determinadas unidades temáticas e, o que é mais importante, a determinadas unidades composicionais: tipos de estruturação e conclusão de um todo, tipo de relação entre locutor e os outros parceiros, da comunicação verbal (relação com o ouvinte, ou com o leitor, ou com o interlocutor, com o discurso do outro, etc.) . Por exemplo, um contrato: em termos de conteúdo, é esperada a descrição de cláusulas referentes a deveres e direitos das partes envolvidas (e isso todo contrato tem). É o conteúdo temático associado à composição e ao estilo (formal) que farão do contrato um contrato e não uma declaração, um requerimento ou um relatório. Outro exemplo: um cartão de dia dos namorados, uma produção breve que deve conter uma declaração de amor, em estilo íntimo, informal, com identificação de quem remete e a quem se destina.

Sequências Textuais

Os autores da metodologia que está sendo estudada (Schneuwly) defendem que todo texto é formado de sequências, esquemas linguísticos básicos que entram na constituição de diversos gêneros e variam menos em função das circunstâncias sociais (comunicação). As sequências textuais disponíveis são; a descritiva, a narrativa, a injuntiva, a explicativa, a argumentativa e a dialogal.

1. Sequências NARRATIVAS: apresentam uma sucessão temporal/causal de eventos (começo/maio/fim, antes/depois) entre as quais ocorre algum tipo de modificação de um estado de coisas. Há predominância de verbos de ação, bem como de adverbiais temporais, causais e locativos, em discursos diretos, indiretos e indiretos livres. Predominam nos relatos, em notícias, romances, contos, etc.

2. Sequências DESCRITIVAS: caracterizam-se pela apresentação de propriedades, qualidades, elementos componentes de uma entidade (referente), sua situação no espaço etc. Predominam os verbos de estado, no tempo presente nos comentários e no pretérito imperfeito no interior de um relato.

3. Sequências EXPOSITIVAS: tem-se a análise ou síntese de representações conceituais numa ordenação lógica, dadas pelos conectores predominantemente do tipo lógico (conclusões fluem naturalmente, o leitor é encaminhado).

4. Sequências INJUNTIVAS: apresentam prescrições de comportamento ou ações sequencialmente ordenados, tendo como principais marcas os verbos no imperativo, infinitivo ou futuro do presente e articuladores adequados ao encadeamento sequencial das ações prescritas.


5. Sequências ARGUMENTATIVAS: são aquelas que apresentam uma ordenação ideológica de argumentos e/ou contra-argumentos. Nelas predominam os modalizadores, os operadores argumentativos, verbos introdutores de opinião, etc.

Cada gênero vai eleger uma ou mais sequências para sua constituição. Num manual de instruções, por exemplo, encontrar-se-ão sequências injuntivas e descritivas.

Bibliografia

KOCH, Ingedore Villaça & ELIAS, Vanda Maria. Ler e Escreve: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto, 2009.

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