Plano de ensino de Gêneros Literários Para o Ensino de Redação



ANOS: 6º a 9º ano



Nível: Ensino Fundamental II



I. Ementa

Estudo realizado mediante aos tipos de discurso sob a perspectiva da tradição e, através da nova metodologia proposta por Bernard Schneuwly, ao qual aborda a importância da aprendizagem –na escola – através de textos, pois a comunicação se dá a partir desta prática – produção de textos orais e escritos. Assim, terá o desenvolvimento da competência do aluno para o aprimoramento de seu desempenho nas mais diversas situações de comunicação.


II. Justificativas


É de suma importância o ensino e aprendizagem da língua – para nós a língua portuguesa. Assim, desenvolvemos uma metodologia de ensino nos conceitos de Bernard Schneuwly. O mesmo é professor de didática do ensino de língua na Universidade de Genebra, na Suíça, e vem desenvolvendo uma série de estudos sobre ensino e aprendizagem de língua.
Schneuwly trata, por fim, da fala e dos aspectos psicológicos da aprendizagem (ou seja, da forma como pessoas aprendem) e de seus aspectos ontogenéticos (isto é, o desenvolvimento da capacidade de um indivíduo de adquirir conhecimentos desde a concepção até a idade adulta). Ou seja, o que aprendemos nas trocas com outros indivíduos, nas relações sociais, pode interferir em nosso desenvolvimento.
A reflexão sobre aprendizagem em geral que a questão do desenvolvimento que decorre da aprendizagem x desenvolvimento que ocorre naturalmente se aplica à capacidade de aprender dos indivíduos em qualquer disciplina. Em relação à aprendizagem da escrita, as questões são:
O que se aprende socialmente interfere no desenvolvimento cognitivo.
Aprender gêneros textuais - que é o modo como usamos a língua, nas situações de comunicação no dia-a-dia - amplia nossas capacidades de linguagem.



Com isso, percebemos que, através da leitura do quadro, é possível deduzir que é tão importante ensinar as tipologias quanto os gêneros. As tipologias são capacidades de linguagem usadas em diferentes gêneros.
Podemos, de tal forma, citar as cinco tipologias que é preciso considerar no ensino de língua. Cada uma dessas tipologias é mobilizada pelas pessoas que se comunicam em diferentes gêneros, mas cada gênero exige um maior ou menor domínio de cada uma delas.
Narrar: capacidade de imaginar histórias de ficção e contá-las. Esta capacidade é usada principalmente na criação de contos, fábulas, romances etc.
Relatar: capacidade de descrever acontecimentos vividos pelo autor ou por outro. Esta capacidade é usada predominantemente na escrita de notícias, relatos de viagem, relatos de experiência vivida, diários íntimos etc.
Argumentar: capacidade tomar posição diante de um acontecimento e sustentar sua posição, refutar a posição de outros, negociar com oponentes. Esta capacidade é usada principalmente em debates orais, artigos de opinião, cartas de leitor etc.
Expor: capacidade de registrar e demonstrar conhecimentos, saberes, obtidos por meio de estudos e pesquisas. Esta capacidade é usada, predominantemente, em conferências, artigos científicos, verbetes de enciclopédia, seminários etc.
Descrever ações: capacidade de dar instruções e fazer prescrições. Esta capacidade é usada predominantemente em receitas culinárias, regulamentos, regras de jogo, receitas médicas etc.
É importante considerar que usamos todas essas capacidades em gêneros diversos. Por exemplo, num conto, usamos predominantemente a capacidade de narrar, mas podemos colocar personagens discutindo um assunto, e então aparecerá a capacidade de argumentar.
Em suma, tais capacidades são mobilizadas nos gêneros textuais que circulam socialmente que, por isso, são ótimos instrumentos para ensinar e aprender língua. Quanto mais gêneros são apropriados, mais capacidades de usar a língua.
Para esclarecer como os gêneros são instrumentos privilegiados para a aprendizagem, Schneuwly considera que toda a aprendizagem se dá não individualmente, mas nas interações sociais. No caso, refere-se principalmente à aprendizagem de língua (e dos gêneros, evidentemente). O autor considera que língua só existe na interação; assim, na comunicação entre pessoas.
Conclui-se que, os gêneros de discurso são objetos que usamos para nos comunicar, instrumentos de comunicação socialmente. Contudo, é próprio da espécie humana desenvolver-se cada vez mais à medida que cria novos instrumentos. Como os gêneros textuais são considerados instrumentos (de comunicação) estão nesse caso. É preciso que a criança se aproprie socialmente dos gêneros primários e, em seguida, dos gêneros secundários. É nessa apropriação que suas capacidades de linguagem se desenvolvem plenamente.



III. Objetivos Educacionais



Nosso objetivo educacional é o aluno. Por conseguinte, nossa principal função, como educadores, é que haja uma aprendizagem efetiva e duradoura. Para isso, é preciso que existam propósitos definidos e auto atividade reflexiva dos mesmos.
De tal forma, a autêntica aprendizagem ocorre quando o aluno está interessado e se mostra empenhado em aprender, isto é, quando está motivado. É a motivação interior deste que o impulsiona e vitaliza o ato de estudar e aprender. Eis, para nós, a importância do ensino-aprendizagem:



1. Aprimorar o desempenho do aluno na produção textual oral e escrita, adequadas ao ensino fundamental II.
2. Apontar a eficiência da metodologia de Bernard Schneuwly, aprimorando a competência do aluno para um melhor desempenho textual oral e escrito, tanto na vida como na escola.
3. Diferenciação de Narrativas e outros gêneros literários.



IV. Capacidades a serem adquiridas



Tais capacidades a serem adquiridas são as habilidades do estudo dos gêneros propostos, aos quais desenvolve, no aluno, a verbalização parcial do processo de escrita. Com isso, deve-se ensinar a ler e escrever. Assim, quebrar barreiras que sempre dificultou o aluno ao escrever – o medo. Com tal metodologia, mostraremos o quão divertido é a arte da escrita e como a mesma está ao nosso redor, o tempo inteiro.



V. Conteúdos Curriculares



1º Item: Conceito de texto e tipologias textuais segundo a tradição no ensino de Língua Portuguesa.



2º Item: Definição de alguns gêneros textuais. A metodologia proposta por Bernard Schneuwly.



3º Item: Os gêneros do discurso. Os tipos do discurso.



4º Item: Sequências textuais. O que difere um gênero textual de outra sequência textual.



5º Item: Estudo de Conto e Crônica: Leitura e análise textual de um conto e uma crônica. Estudo de Novela e Romance: Breve leitura de fragmentos de obras e análise textual dos mesmos. Estudo de outros gêneros textuais diversos, como por exemplo: receitas; textos publicitários; cartas; convites; entre outros trabalhos envolvendo a aprendizagem de gênero textual.
Os quadros abaixo apontam alguns dos tipos trabalhados e outro que ainda iremos trabalhar:



Quadro 1



CAPACIDADES DE LINGUAGEM GÊNEROS DISCURSIVOS/TEXTUAIS



ARGUMENTAR Carta de reclamação/ Carta de solicitação



Editorial
Textos de opinião/ Texto expositivo etc.
EXPOR Artigo enciclopédico
Comunicação oral
Exposição oral
Resumo de texto expositivo ou explicativo
Diário íntimo
Notícia
Relato de experiência



NARRAR Ficção científica
Novela
Romance
Epopeia
Biografia
Autobiografia
Lenda
Fábula
Contos de fada




DESCREVER/PRESCREVER AÇÕES
ou INSTRUIR Regras de jogo
Receita
Regulamento
Manual de instrução



Quadro 2



DISCURSOS (FORMAÇÕES DISCURSIVAS/ DOMÍNIO DISCURSIVO)



GÊNEROS DO DISCURSO/GÊNEROSTEXTUAIS
JORNALÍSTICO Notícia
Reportagem
Editorial
Crônica
Tirinha
Entrevista




LITERÁRIO Conto/ Crônica
Romance/ Novela
Poema
Tragédia/ Comédia
Diário
Fábula/ Lenda
Epopeia
Biografia/ Autobiografia



ELETRÔNICO/DIGITAL Chat/bate papo virtual
E-mail/endereço eletrônico
Blog
Banner



PUBLICITÁRIO Anúncio
Cartaz
Panfleto



COTIDIANO Conversação e seus tipos
Bilhete
Diário
Convite




6º Item: Produção, pelos alunos, de um livro – adequação de um conto de fadas aos dias atuais.



VI. Metodologia



O trabalho fora realizado através de aulas onde o aluno pode por em prática – através de trabalhos – o que aprendera teoricamente.
As primeiras aulas foram de suma importância para a apresentação de nossa disciplina e como seria realizado tal trabalhar. Assim, foram seguidos os passos acima citados no Conteúdo Curricular. Apresentamos um texto teórico sobre Técnicas de Redação segundo a Tradição – narração, descrição e dissertação. Como de costume, ao final de cada aula dada, atividades foram realizadas a fim de fixar o aprendido. Atividades como: Responda a que tipo textual – segundo a tradição – os textos abaixo se referem: texto narrativo, dissertativo ou descritivo. Três textos de diferente tipo textual foram entregues a eles para que pudessem descrever, segundo a tradição, o pedido pelo exercício.
As aulas seguintes foram lhes apresentado de forma lenta a metodologia segundo a perspectiva de Bernard Schneuwly. A principio os alunos estranharam, pois, coisas do dia-a-dia eram tidos como gêneros textuais. Tal estranhamento foi positivo e o trabalho começou a fluir de uma forma surpreendente.
Adotamos o uso de uma pasta para anexarmos todos os trabalhos realizados, tanto em aula como em sala. Criamos receitas maravilhosas; textos publicitários; cartas; convites; entre outros trabalhos envolvendo a aprendizagem de gênero textual. Por fim, está em andamento, um trabalho sobre a adequação, aos dias atuais, de um conto de fadas da escolha do aluno; o texto deverá ser montado com o propósito de se parecer com um livro. Tal trabalho será entregue em dupla e ficará exposto na biblioteca do colégio para que alunos de outras turmas possam ter contato com tais obras e se interessarem em, também, escreverem seus próprios livros.
O último grande projeto deste ano é realizar um blog de onde todos os alunos poderão postar seus textos e, assim, seus amigos da escola terão acesso aos trabalhos realizados e darão opinião. Tais iniciativas foram aceitas com grande entusiasmo por parte dos alunos, sendo, assim, fácil trabalhar tal gênero textual e quebrando uma grande barreira entre os alunos e o ato da escrita. Não sendo mais visto o mesmo como castigo, mas sim, como um ato prazeroso e edificante.



Estratégias de Trabalho:



1. Aulas expositivas;



2. Aulas práticas de leitura e de elaboração de textos sob a perspectiva de Bernard Schneuwly, assim o aluno aprenderá a diferenciação de conto das demais sequências textuais.



3. Produção individual de um conto, realizado pelo aluno;



VII. Critérios e Instrumentos de Avaliação:



Entendemos, por avaliação que: como ato dinâmico que qualifica e oferece subsídios ao plano de aula, além de imprimir uma direção às ações dos educadores e dos educando.
Contudo, podemos dizer que a avaliação não pode ser um instrumento de exclusão dos alunos, mas sim favorecer o desenvolvimento da capacidade do aluno de apropriar-se dos conhecimentos científicos, sociais e tecnológicos produzidos historicamente e deve ser resultante de um processo coletivo de avaliação diagnóstica.
Devemos acompanhar as atividades e avaliá-las – tal procedimento nos levará à reflexão. Concluímos que a avaliação – parte da necessidade de se conhecer a realidade escolar – busca explicar e compreender criticamente as causas da existência dos problemas, bem como suas relações e suas mudanças, se assim nos esforçarmos para propor ações alternativas.
Dividimos da seguinte maneira:



1. Avaliação contínua, em que todos os exercícios realizados em aula, além da participação do aluno em classe, perfaçam um total de zero a dez pontos;
2. Realização individual de um conto no valor de zero a dez pontos.



VIII. Referências Bibliográficas:



BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
GANCHO, Cândida Vilares. Como Analisar Narrativas. 9ª. Edição. São Paulo: Série Princípios. Ática, 2006.



GOTLIB, Nádia Battella. Teoria do Conto. 11ª. Edição. São Paulo: Série Princípios. Ática, 2006.

KOCH, Ingedore Villaça & ELIAS, Vanda Maria. Ler e Escreve: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto, 2009.



SCHNEUWLY, Bernard, DOLZ, Joaquim e colaboradores. Gêneros orais e escritos na escola. Trad. E Org. Roxane Rojo e Glaís Sales. Campinas: Mercado das Letras, 2004.

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