O Mito (Alegoria) da Caverna: A alegoria que era o quarto de Jack

 



Ao fazermos uma comparação entre o filme “O quarto de Jack” e “O Mito (alegoria) da Caverna”, de Platão, podemos nos deparar com elementos que se convergem.

Assim, encontramos alguns significados importantes, criando um elo. No filme, Jack nasceu dentro daquele quarto, que podemos comparar com a caverna de Platão. O garoto, por nunca ter saído de lá, achava que tudo o que estava fora daquele ambiente era irreal, fictício. Sua mãe, entretanto, quando seu filho completou cinco anos, e passar por alguns momentos difíceis, resolve contar toda a verdade a Jack, que fica abismado e um pouco irritado com tal relato.

Com isso, podemos fazer alguns paralelos entre o filme e o mito. Primeiro, a caverna (assim como o quarto) era denominado a realidade do garoto, assim como dos prisioneiros do mito. Contudo, tal caverna, para Platão, simbolizava o mundo sensível, conhecimento superficial das aparências, a ignorância. Isso não deixa de ser uma realidade para aquela mãe e filho, sendo ambos prisioneiros.

Já o lado de fora da caverna de Platão simbolizava um conhecimento mais profundo das ideias e das formas, o conhecimento inteligível. Esse conhecimento a mãe possuía e, quando ela percebeu que seu filho já tinha idade suficiente para entende-la, resolveu lhe dizer toda a verdade, embora, como já citado, o filho, de primeiro, não se agradou com a realidade, pois a realidade, muitas vezes, é muito difícil de aceitar.

Após o menino entender que é necessário sair daquela prisão (que era aquele quarto), fingindo-se de morto a mando da mãe, é levado para o lado de fora pelo sequestrador, que vai enterrá-lo. O garoto se depara com a luz do sol pela primeira vez, pois pouca luz entrava pela claraboia que ficava no teto do quarto onde era prisioneiro. Para Platão, aquela luz traz a ideia de “Bem”, o conhecimento supremo, o governo do mundo inteligível ou, a razão.

Desta maneira, Jack se vê em um mundo totalmente diferente do que ele imaginava, não mais projetado por imagens vista por sua televisão velha; no mito, por sombras na parede e ecos de sons destorcidos. Não mais a projeção da realidade, as sombras das imagens reais, mas o mundo real.

Em suma, o ato de Jack em “sair daquele quarto”, embora tivesse relutado muito em não o fazer, seria o mesmo que “sair da caverna”, onde libertar-se dos preconceitos e das amarras do conhecimento sensível e acessar o conhecimento inteligível era muito doloroso e complicado. Porém, tanto no mito, como no filme, a saída trouxe o conhecimento, a descoberta e, acima de tudo, a vida – viver a vida de forma verdadeira.


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