Ensino Médio: Redação (Os enunciados que podem ser verdadeiros ou falsos)
Os padrões formais do raciocínio correto são expressos na linguagem
comum. O raciocínio abaixo é expresso em linguagem comum:
Todo homem é mortal.
Sócrates é homem.
Logo, Sócrates é mortal.
Mas a linguagem não serve apenas aos raciocínios
lógicos, ela tem diversas finalidades.
Para poder analisar logicamente um enunciado, é preciso
que as proposições possam ser verdadeiras ou falsas. Exemplo de enunciados:
Abram os cadernos.
Passou a chuva?
Que coisa terrível.
O ferro é um metal.
Desses enunciados, o primeiro expressa uma ordem, o
segundo é uma pergunta, o terceiro é uma exclamação. Apenas o último enunciado
é uma proposição. Perguntas, ordens ou exclamações não podem ser julgadas
verdadeiras ou falsas.
O uso expressivo da linguagem, para expressar
sentimentos ou manifestar desejos não se aplica à análise lógica. Os enunciados
que usamos para dar ordens, pedir conselhos, ou fazer perguntas ou conseguir
alguma coisa de nosso interlocutor também não fazem parte do repertório dos
enunciados lógicos.
Mas então como é a linguagem usada em lógica? É a
linguagem usada para afirmar ou negar alguma coisa, para dizer algo sobre o
mundo, para apresentar argumentos. Deve ter uma função informativa ou
referencial. O discurso informativo é usado para descrever o mundo e raciocinar
sobre ele.
O uso informativo da linguagem envolve um esforço para
comunicar algum conteúdo. É composto de enunciados que afirmam ou negam coisas.
O discurso passível de análise lógica chama-se discurso apofântico, isto
é, que pode ser verdadeiro ou falso.
Apofântico – adjetivo
Na Lógica Aristotélica trata-se de qualquer enunciado verbal passível
de ser considerado verdadeiro ou falso, em função de descrever corretamente ou
não o mundo real. Aristóteles (384 aC – 322 aC) considerou-o o único objeto a
ser estudado pela lógica, em contraste com as manifestações lingüísticas
afetivas, desejantes, interrogativas etc., que pertenceriam antes à retórica e
à poética.
Ordens e pedidos como "abra a porta para
mim" não são falsos nem verdadeiros. São ordens e pedidos. Por outro lado,
uma afirmação como "A porta é estreita." pode ser verdadeira ou
falsa.
Considere as situações abaixo e o uso que se
faz da linguagem em cada caso.
dar uma ordem;
descrever um objeto;
narrar um acontecimento;
formular uma hipótese científica;
cantar;
perguntar;
contar piadas;
agradecer um favor recebido;
xingar alguém;
rezar.
Destas situações, quais se enquadram num domínio da
lógica?
Observa-se que duas das situações descritas pertencem
integralmente ao domínio dos discursos que podem ser analisados como
verdadeiros ou falsos. Trata-se de "descrever um objeto" e
"formular uma hipótese científica".
Se for dito que o céu é azul, isto pode ser verdadeiro
ou falso. Da mesma forma, se é afirmado que o ponto de ebulição da água é 100°
C, a afirmação pode ser verdadeira ou falsa, isto é, que pode ser ou não
comprovada.
Portanto, de todos os enunciados da linguagem comum, a
lógica e a ciência trabalham apenas com aqueles que podem ser verdadeiros ou
falsos.
Temas para a reflexão
(anote suas respostas)
O que aprendi sobre mim mesmo à medida que ia lendo este
texto?
O
que me chamou a atenção/inspirou/entusiasmou?
Descobri alguma coisa importante nessas iniciativas?
Que
pontos me fizeram parar (e reler) mais do que outros? Por quê?
O
que eu poderia introduzir de diferente em meu cotidiano, inspirado pelos
exemplos?Onde? Quando?
Que
possibilidades vi surgir em meu horizonte a partir do relato dessas
iniciativas?
Faça uma Resenha do texto (exposição sintética destacando os pontos principais,
discussão da problemática, esclarecimento das verdades, defesa de princípios,
tomada de posição, paráfrases e uma avaliação crítica).
Ótimo
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