Estilística do Som




Também chamada de Fonoestilística, trata dos valores expressivos de natureza sonora observáveis nas palavras e nos enunciados. Fonemas e prosodemas (acento, entoação, altura e ritmo) constituem um complexo sonoro de extraordinária importância na função emotiva e poética, segundo Martins (2000).

ALITERAÇÃO e ASSONÂNCIA

É a repetição insistente dos mesmos sons consonantais (no início ou integrantes da sílaba tônica)

HOMEOTELEUTO e RIMA

Homeoteleuto: Repetição de sons no final das palavras; aparecimento de uma terminação igual em palavras próximas, sem obedecer a um esquema regular, ocorrendo ocasionalmente numa frase ou verso.

Eco: homeoteleuto não intencional, não estético, que se costuma considerar um vício de linguagem.

Rima: coincidência de sons, geralmente nos finais das palavras.

ANOMINAÇÃO

Consiste no emprego de palavras derivadas do mesmo radical – em uma mesma frase ou em frases mais ou menos próximas (ex.: sonho sonhado)

PARONOMÁSIA

Figura pela qual se aproximam palavras que oferecem sonoridade análoga com sentidos diferentes; é um jogo de palavras, um trocadilho (de que pode resultar um efeito humorístico). Ex.: “Tão mal cumprida tão mais comprida...”

ONOMATOPEIA

Reprodução de um ruído ou a tentativa de imitação de um ruído por um grupo de sons da linguagem. É a transposição na língua articulada humana de gritos e ruídos inarticulados.

HARMONIA IMITATIVA
Estende-se ao longo de um enunciado, de um fragmento de prosa, de um poema, e que resulta dum aglomerado de recursos expressivos: peculiaridades dos fonemas, repetições de fonemas, de palavras, de sintagmas ou frase, do ritmo do verso ou da frase.

ALTERAÇÕES FONÉTICAS

Metaplasmos – por supressão, acréscimo, por troca e por permuta. Ex.: arvre (árvore), aspro (áspero), pobrema (problema), güentar (agëntar), embonecrado (embonecado) etc. Correspondem a tendências ainda vigentes na língua, perceptíveis na fala popular e coibida na língua culta.

Aliterações fonéticas em autores regionalistas: acréscimo de fonemas no interior de vocábulo (murucego), o acréscimo de /s/ no final de certas palavras (nuncas); supressão de som nas várias partes dos vocábulos (dianta, manhecer); supressão da vogal átona (pré ou postônica) : escrafuncar (escarafunchar); forma diminutiva em –im (riachim, Passarim); troca de fonemas por vocalização, nasalação, dissimulação etc.; troca do [ r ] por [ l ] : militriz; permuta ou mudança de posição de fonemas, mais freqüentemente com o [ R ] como em enterter, agardecer.



ALTERAÇÕES FONÉTICAS NA POESIA

Crase (fusão de duas vogais iguais) : “Eu não espero o bem ...”

Elisão (desaparecimento da vogal final de uma palavra ante a vogal inicial da palavra seguinte: “Alma serena e casta...”). Sinalefa (fusão da vogal final de uma palavra, reduzida a semivogal, com a vogal inicial da palavra seguinte, formando um ditongo): “Tudo quanto afirmais...”

Ectlipse (elisão ou sinalefa de vogal nasal; restringe-se praticamente ao encontro da preposição com e o artigo, variando a grafia: com o, co’o, co)

Hiato entre vocábulos (usado pelos românticos, condenado pelos parnasianos, por deixar o verso frouxo, em certos casos realça determinada palavra ou obriga a se emitir o verso num tom pausado).


PROSODEMAS OU TRAÇOS SUPRASSEGMENTAIS

Acento – função distintiva – assim como a entoação, tem função intelectiva (frase afirmativa ou interrogativa, por exemplo) e prestam funções expressivas importantes. É o caso do acento de duração, que não tem função fonológica, mas expressiva, e na língua escrita pode ser marcada pela repetição de grafemas (rrrolar), por exemplo. Pode, ainda, haver a intensidade de pronúncia marcada em uma sílaba para expressar emoção, energia, duração inusitada (Ex.: Ela é maravilhosa!)
Entoação: é a curva melódica que a voz descreve ao pronunciar palavras, frases e orações. Um nome próprio, por exemplo, com diferentes entoações, pode ter múltiplos significados, que devem ajustar-se ao contexto. É a entoação que indica se as nossas palavras estão no sentido próprio ou no oposto, se estamos sendo sinceros ou irônicos.
Sinais de pontuação e entoação: ponto final, vírgula, ponto-e-vírgula, travessão, parênteses, ponto de interrogação, de exclamação, reticências sugerem diferentes inflexões, mas têm em comum a indicação de uma pausa, precedida de queda, suspensão ou elevação da voz. A supressão de sinais de pontuação esperados podem ter efeito estilístico, permitindo, inclusive, múltiplas leituras.

ORTOGRAFIA

O emprego das maiúsculas, por exemplo, que foge ao Acordo Ortográfico, pode sugerir respeito, admiração, sentimento religioso ou cívico, acatamento de autoridade (Pai, Mestre, Sacerdote, Pátria etc.). Da mesma forma, o uso da minúscula no início de nomes próprios expressa a subversão à ordem, o que tem um valor semântico específico, de acordo com o contexto.

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